terça-feira, 26 de julho de 2011

Dois Amigos


Por: Carlos Geovanni (KGeo)
Data: 25/07/2011

4 de Agosto

No Japão, dois homens trajando quimono preto estavam sentados em um banco. Um deles estica as pernas.

- Como estou adorando este dia.

O amigo estranha o comentário.

- Por que, Ichigo?

- Ora, Orochi, simplesmente porque o dia está belo.

- E qual seria o motivo disso?

- Minha mulher me fez café da manhã.

- “Este” é o grande motivo?

- Sempre me alegro com pequenas vitórias.

- Você é estranho.

- Eu estranho?

- Sim.

- Você é o estranho!

- Por quê?

- Enquanto estou com a minha, cadê a sua?

- Não enche.

- Você vai falar com a mulher da loja.

- Não.

- Tu não dizes que gosta dela? Que morre de amores?

- Sim, eu disse.

- Está perdendo a oportunidade.

- Tudo bem, vou falar com ela hoje.

- Ótimo.


5 de Agosto.


Eles sentaram-se no mesmo cantinho perdido no mundo.

- Falou com ela?

- Não.

- Motivo?

- Simplesmente não tive coragem.

- Já falei, está perdendo a oportunidade.

- Não se preocupe pois de hoje não passa.

- Sério?

- Juro.

- Sei...

- E a sua mulher? Fez alguma coisa hoje?

- A agradeci ontem mesmo e a atitude não mudou.

- Tens sorte.

- Você também poderia ter esta sorte.

- Eu sei.

- Hoje eu vou brincar com as minhas filhas no parque.

- Uma maneira de aliviar para tua esposa?

- Assim eu não sou o “mal agradecido”.

- Será que ela está te manipulando?

- Não sei, mas se for, está funcionando!

- Não acredito nisso. - Riu

- Melhor do que discutir com ela.

- Até que ela é uma boa estrategista.

- Então de hoje não passa? – Voltou ao antigo tópico.

- Sim.

- Ainda duvido.

- Não se preocupe, se eu não for hoje, ainda haverá o amanhã.

- Não confiaria muito nisso.

- Por quê?

- Ela pode conseguir alguém amanhã.

-Está querendo me zicar?

- Apenas te falando a verdade.

- Não quero verdade, tente ao menos dar boa sorte.

- Então vai na fé.


No outro dia os dois sentados no mesmo canto.

- Me diga que falou com ela!

- Não, eu vou hoje, ou amanhã.

- Está...

- ...perdendo a oportunidade, eu sei.


6 de Agosto de 1945.

O dia que não teve amanhã.



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